Coreia do Norte passou de ameaça regional para global, afirma ONU

Regime asiático eleva tensões após realizar seu teste nuclear mais poderoso até hoje

 

WASHINGTON — A Coreia do Norte evoluiu de uma ameaça regional para uma ameaça global, disse o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, organização autônoma das Nações Unidas. As tensões aumentam ainda mais na Península Coreana após o governo norte-coreano ter realizado seu teste nuclear mais poderoso até hoje no domingo. A comunidade internacional já condenou repetidas vezes os seus lançamentos de mísseis que ameaçam, sobretudo, os Estados Unidos.

 

— Eu acho que a ameaça norte-coreana é global. No passado, as pessoas acreditaram que era regional, mas não é mais assim. É uma ameaça global e combina armas nucleares e mísseis — disse o diretor à CNN.

 

A AIEA, que tem como objetivo a promoção do uso pacífico da energia nuclear, afirmou que o teste da Coreia do Norte desencadeou um dos maiores tremores já registrados pelo seu sistema de monitoramento internacional. No domingo, foi registrado um abalo sísmico de magnitude 6,3 após a explosão.

 

— Estamos falamos sobre uma magnitude de seis, esse é o maior número que registramos e é uma clara indicação que o programa de armas nucleares da Coreia do Norte está alcançando um nível completamente diferente — disse a secretária-executiva da AIEA, Lassina Zerbo, à CNN.

 

Embora a organização não possa confirmar se a explosão veio de uma bomba de hidrogênio como a Coreia do Norte afirmou, Amano também disse que a realização do teste significa que está claro que o país está progredindo em seu programa de armas nucleares. NORSAR, um grupo baseado na Noruega que monitora testes nucleares, estimou uma explosão de 120 kilotons, que significa o poder de 120 mil toneladas de TNT. As autoridades sul-coreanas deram uma estimativa mais modesta de 50 kilotons.

 

 

8 de outubro de 2006

 

O primeiro teste nuclear da Coreia do Norte provocou um terremoto de 4,3 graus de magnitude. De acordo com funcionários dos EUA, a arma usava plutônio e teria alcançado menos de um quiloton (unidade de energia liberada).

 

NOVAS SANÇÕES

 

O Conselho de Segurança da ONU se reuniu nesta segunda-feira para buscar uma resposta ao sexto teste nuclear da Coreia do Norte. Diversos países, principalmente os vizinhos Japão e Coreia do Sul e os Estados Unidos, pediram mais sanções contra o regime norte-coreano, que serão votadas na próxima semana. Depois do teste, o presidente sul-coreano pediu que se aplicasse o castigo mais duro” contra Pyongyang, em particular com novas sanções no âmbito da ONU para “isolar completamente a Coreia do Norte”.

 

— Não podemos perder mais tempo — declarou o embaixador japonês Koro Bessho aos jornalistas antes de uma reunião de emergência do Conselho, acrescentando esperar que Moscou e Pequim apoiem novas sanções. — Necessitamos que a Coreia do Norte sinta a pressão, que se seguir por este caminho haverá consequências. Esperamos que ao final da reunião haja um sentimento geral de que devemos trabalhar em conjunto sobre uma nova resolução.

 

A embaixadora americana Nikki Haley também pediu por novas medidas em resposta ao teste nuclear e afirmou que as ações o regime norte-coreano está pedindo por uma guerra:

 

— Somente sanções fortes nos permitirão resolver este problema através da diplomacia — disse Haley durante a reunião.

 

Já a China voltou a defender o diálogo com Pyongyang e afirmou que não permitirá o caos, nem uma guerra na península coreana.

 

— A situação na península se deteriora constantemente enquanto falamos, entrando em um círculo vicioso — disse o embaixador chinês, Liu Jieyi. — O tema da península deve se resolver pacificamente. A China nunca permitirá o caos, nem a guerra na península.

 

O sexto teste atômico de Pyongyang coincidiu com a abertura da cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na China. Os cinco países reagiram de maneira inédita ao teste dizendo deplorar fortemente à explosão conduzida no domingo. No jargão diplomático, trata-se de uma expressão alguns tons acima do tradicional “condenar”, que vinha sendo usado por vários países do mundo, inclusive parceiros do Brics.

 
  
Fonte: O Globo
Foto: O lider norte-coreano, Kim Jong-un, participa de um encontro com um comitê do partido dos trabalhadores sobre o teste nuclear realizado pelo país – STR / AFP


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