Entrevista com o Presidente da Comissão de Direitos Dr.Orlando de Pilla Filho

Entrevista com o Presidente da Comissão de Direitos da 4º Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, Orlando de Pilla Filho: Corrupção e Crise política, qual é a solução que o cidadão deve esperar?

 

Como o Senhor vê os últimos acontecimentos da corrupção?

 

Além de vergonhoso, é repugnante, aliás, como tudo neste País, a exemplo da própria política e das decorrentes políticas públicas sociais que funcionam ‘mais ou menos’, a exemplo da saúde pública, e ainda assim somente quando o cidadão busca liminares na Justiça, como cirurgia urgente e outras do gênero. Por outro lado, o desemprego, a inflação e o salário mínimo ínfimo e vexatório, ao lado da nefasta carga tributária que empobrece ainda mais o trabalhador, como todos nós, pois, ao invés de viabilizar incentivos fiscais para a indústria, o comércio, as empresas, exportações, e gerar empregos, ao contrário, aumentam a (in) capacidade contributiva, que viola a dignidade humana do cidadão e contribuinte, na medida em que o salário mínimo também não acompanha a inflação. Não obstante a isso, eu as vejo a partir dos fatos notórios divulgados pela mídia, de indícios contra aqueles ainda investigados, tendo-se em conta as gravações divulgadas, delações e acordos de leniência. Quanto aos envolvidos em corrupção, já condenados pela Justiça, resta dizer que estão presos, todavia, não é suficiente, sendo preciso repatriar os valores, e confiscar bens daqueles já condenados.

 

Segundo a mídia, que divulgou amplamente – de acordo com as denúncias – há, além de políticos, alguns partidos. Como se comportará o processo democrático representativo, já que os candidatos têm que estar filiados a partidos?

 

Penso que, no momento, infelizmente não há tempo para reforma política parcial ou profunda, modificando o arcaico e conveniente procedimento atual (excetuando-se as exceções). Na verdade, temos que engolir mais um descaso de nossos governantes pela não concretude da reforma política e partidária, quanto à tributária e fiscal, há anos aclamadas. E como sempre, nada se pautou nos Plenários da Câmara ou do Senado, e se pautou, alterou-se o mínimo, o que me parece ‘o máximo de insuficiente’ diante da quantidade de corrupção em sede de investigação, aliada a outros fatores já citados em minha resposta a pergunta anterior.

 

Então, qual seria a forma mais viável de se renovar, mesmo filiando-se aos partidos, diante das investigações e denúncias de corrupção, embora considerados indícios?

 

Penso que o Ser Humano vem e sempre estará em primeiro lugar, ele (a) é o início de tudo, com o “poder” de construir, alterar ou destruir, pelo bem ou mal, agindo por omissão, dolo ou culpa, enfim, qualquer que seja a prática real de sua atitude. Por isso sou apartidário, sempre fui e continuarei sendo, levo em consideração subsídios que me permitam um juízo de valor moral, ético, profissional íntegro, com ficha limpa, sobre a pessoa candidato (a), mesmo que superficial, porque na verdade, ninguém conhece outrem suficientemente, e as informações, quanto o acesso amplíssimo à vida do (a) candidato (a) ainda o eleitor não desfruta, mas o que se tem é um bom começo, digamos, cinco por cento do que se deve, por obrigação, de ser transparente. Como eu disse, somente a pessoa humana pode modificar a sistêmica não apenas de qualquer partido, mas sobre tudo, pois este é constituído de pessoas que por sua vez formam (tomam) partidos, mas jamais acontece ao inverso, assim como tudo na vida. Creio ser esta uma das formas de se renovar, confiante nas exceções internas partidárias, para apoiarem os (as) novos (as) que ingressam, os quais não devem se deixar “contaminar”, ao contrário, devem descontaminar.

 

Então, significa que por esta forma ainda podemos acreditar na política brasileira?

 

Eu estou convicto, porque há exceções. Veja, além desta forma devem existir outras, contudo, enquanto não se faz uma reforma política amplíssima, que os (as) novos (as) “aspirantes candidato (as)” eleitos através dos “partidos velhos e arcaicos” destruam, interna e externamente, as estruturas do “toma lá da cá”, da “corrupção”, denunciando e divulgando pares que estejam envolvidos. Ao lado disso, o comprometimento íntegro e absoluto à concretude das políticas públicas sociais condizentes ao Povo, em todos os segmentos, isto é, social, individual, familiar, profissional, econômico, financeiro, na educação, na segurança, na saúde pública, no trabalho, emprego, e propugne intransigentemente por investimentos (todos, os únicos que asseguram dignidade humana, o resto é “balela” e mero discurso de fomentação ao assistencialismo, dependência eterna filantrópica, miserabilidade, humilhação, exclusão social, estagnação, preconceito, discriminação, e inúmeros outros atos violadores de Direitos Humanos). Então, podemos acreditar nestes moldes, mas a partir do momento em que esta “casta horripilante” dê lugar a ética, a moral, aos bons princípios e costumes, correlatos à integridade, honestidade, para que, no mínimo, nos assemelhemos, em um futuro – médio prazo, a Europa e EUA, com estabilidade, dignidade humana, prevalência dos Direitos Humanos e segurança institucional.

 


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