Mais de cem mortos em múltiplos atentados em bastiões do regime de Assad

Estado Islâmico reivindica explosões em Jableh e Tartus, na província de Latakia. Observatório adianta que “quase todos os mortos são civis”.

 
Uma das explosões atingiu uma zona residencial da cidade costeira de Jableh AFP

 

Mais de cem pessoas morreram e dezenas de outras ficaram feridas na explosão de carros armadilhados e em atentados suicidas em duas cidades da província de Latakia, bastião do regime de Bashar al-Assad na costa oeste da Síria. Os ataques, numa zona que tem sido das mais poupadas à guerra, foram reivindicados pelo Estado Islâmico.

 

“Ao que tudo indica são quase todos civis”, adiantou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, grupo sediado em Londres que recolhe informação de activistas no terreno, contabilizando pelo menos sete explosões – quatro na cidade de Jableh, onde diz ter notícia de 53 mortos, e três em Tartus, cidade portuária onde a Rússia mantém uma base naval, onde diz haver registo de outras 48 vítimas mortais.

 

As televisões estatais divulgaram imagens de alguns dos locais atacados. Em Jableh, cidade costeira a sul de Latakia, a capital provincial, pelo menos uma das explosões ocorreu perto de um hospital. Em Tartus, a imprensa oficial fala num ataque igualmente coordenado que envolveu dois suicidas e um carro armadilhado, visando, entre outros alvos, um posto de abastecimento de combustível.

 

Dezenas de feridos foram transportados para os hospitais locais, mas não há ainda um balanço oficial. Uma fonte do Ministério do Interior confirmou a morte de pelo menos 20 pessoas, um grupo de comunicação estatal adianta que terão morrido pelo menos 45 pessoas.

 

Num comunicado emitido pouco depois, os ataques foram reivindicados pelos jihadistas do Estado Islâmico, que controlam boa parte do Leste da Síria e importantes faixas de território no Norte do país, afirmando que o alvo eram “apoiantes” do Presidente Bashar al-Assad.

 

Latakia, província dominada pela minoria alauita, seita xiita à qual pertence a família Assad e a elite do regime, mantém-se firme nas mãos do Exército sírio e alberga duas estratégicas bases russas – o porto de Tartus, a única base naval de Moscovo no Mediterrâneo, e a base aérea de Hmeymim, um dos pontos de partida dos aviões que desde Setembro do ano passado apoiam o regime sírio, em ataques contra os jihadistas e outros grupos da oposição a Assad.

 

Tal como as áreas controladas pelo Exército em Homs ou Damasco, a cidade de Latakia foi já atingida, ainda que em menor escala, por ataques terroristas e rockets disparados por grupos da oposição. Mas até agora, ninguém tinha ousado levar a violência até à estratégia cidade de Tartus, um desafio não só a Assad como a Moscovo, o grande aliado cuja entrada na guerra permitiu ao regime sírio recuperar áreas que tinha perdido para a rebelião.

 

O  Estado Islâmico não tem presença conhecida em Latakia, ao contrário da Frente al-Nusra, o braço sírio da Al-Qaeda que lidera os combates contra o Exército na região. Mas a organização, sublinha a AFP, conta com células adormecidas em vários pontos do país, o que lhe permite atacar mesmo em áreas onde não tem forças combatentes.

 

Estes ataques acontecem numa altura em que os combates voltam a ganhar dimensão em diferentes partes da Síria, perante a paralisia das negociações entre o regime e a rebelião, sob mediação da ONU, dificultando os esforços internacionais para reavivar as ténues tréguas que no início da Primavera permitiram uma acalmia no conflito.

 

Fonte: Uol


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