Veganismo, arte de viver e cozinhar

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Foto de Thayná Bielça. Pizza vegana de mandioqueijo com gutadela.

 

Descobrir o veganismo é mergulhar numa nova dimensão!

As pessoas que estão fora do movimento de libertação animal, muitas vezes me questionam em relação as “dificuldades” à transição para um novo estilo de vida. Quando digo estilo de vida em momento algum quero reduzir o veganismo à isso, porém quando nos tornamos vegans há uma constante desconstrução e reconstrução de novos conceitos, reflexões e ações que passam a transformar nosso cotidiano que outrora era completamente diferente do hoje.

O que quero tratar aqui nesse texto, são algumas inspirações que me fizeram pensar sobre o que o veganismo realmente significa para mim, enquanto ética alimentar. Quando deixamos de consumir produtos que contenham exploração animal, não nos libertamos apenas das amarras que oprimem os animais e nossa própria consciência, mas também nos libertamos da dependência do produtivismo e da “instantaneidade alimentícia” que nos é imposta diariamente (mesmo que inconscientemente) pelos grandes detentores do capital. A maior parte da população acaba consumindo com facilidade essas chamadas “drogas alimentares” que costumam vir com atrativos de praticidade, e justamente por tratarem de formas rápidas e fáceis, são constantemente implantadas ao cotidiano e passam a ser cada vez mais naturalizadas. O que por um lado pode ser até positivo, pois vivemos hoje em uma sociedade em que o tempo se faz uniforme e nunca deixa de ser linear e crescente; porém além dos malefícios à nossa saúde e a exploração dos animais humanos (trabalhadores) e não humanos, há questões culturais e psicológicas que acabam sendo deixadas de lado por conta da necessidade de se produzir, mas de jamais criar.

Quando nos tornamos vegans, nossas condições materiais e sociais nos “obrigam” a adaptação de uma nova realidade; em que a lógica do produzir deixa de existir e se transforma na lógica do fazer, de como saber fazer e de como criar. Devido à falta de acessibilidade à culinária vegana, muitas vezes passamos à buscar nossos próprios meios; o que gera questionamentos à quem está fora da causa animal como: “Como vegans conseguem consumir doces, se a padaria da esquina não possui produtos sem leite, ovos ou mel?” (haha) E a partir desse questionamento hipotético, mas real em nosso cotidiano é que respondemos: “E quem diz que precisamos que alguém nos faça isso?”. A questão é, desde crianças em nossa sociedade moderna fomos acostumados a comprar nossos alimentos prontos, mas será que isso é a alternativa mais prazerosa? Será que queremos apenas consumir e consumir, mas nunca criar, inventar, revolucionar nossa gastronomia?
O veganismo nos faz voltar ao passado, nos liga novamente aos nossos antepassados enquanto cozinhamos; o saber culinário e o prazer em cozinhar sua própria comida religam nossas raízes mais primitivas, e ressignifica nossa percepção de mundo e de subsistência em que se alimentar deixa de ser apenas um ato automatizado tornando-se um prazer inerente à nossa sobrevivência que não deve ser jamais limitado e sucumbido pelas circunstancias impostas do sistema produtivo/capitalista. Assim, o veganismo resgata a nossa essência natural que se concretizou desde os primórdios, nossos valores fraternais e afetivos; que se interligam automaticamente entre as refeições preparadas com/para os entes queridxs, ademais respeitando toda vida que nos rodeia.
Por fim, termino esse texto com a fala da minha querida amiga Dulce Lolita ” Uma revolução alimentar é estreitar nossos laços com a natureza, nossas remanescentes culinárias, a ligação com a comida não é apenas se alimentar fisicamente; mas também a alma, nos preencher com a riqueza de sabores, cores e a emoção de sentir.”

xThayná Bielçax

 


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