15 estratégias utilizadas para esvaziar as escolas públicas

“Os alunos ocuparam as escolas” essa frase parece-nos um tanto contraditória, como se antes as escolas públicas não estivessem sendo ocupadas por alunos, como se elas estivessem vazias. Sim, talvez estivessem vazias de sentido, de dedicação, de solidariedade, de senso de coletividade, de cuidados e de atenção. Mas examinemos atentamente 15 estratégias costumeiramente utilizadas para esvaziar as escolas públicas:

 
1) Remunerar mal os professores sem oferecer um plano de carreira interessante, mantendo um alto turn-over e milhares de docentes sob contrato temporário.

 
2) Investir o mínimo nas escolas, deixando-as sem manutenção, sem materiais de consumo, sem equipamentos, sem livros interessantes, sem computadores suficientes, sem internet, etc.

 
3) Desmoralizar e desmotivar o professor, tirando sua autonomia pedagógica e sua autoridade, deixando-o desacreditado e impotente. Diante de uma figura frágil, os alunos se rebelam contra oprofessor e não contra o sistema escolar excludente. Como consequência, muitos professores adoentados pedem afastamento médico, ou abandonam a profissão.

 
4) Aumentar no número de alunos por turma, e incluir crianças com deficiências nas salas comuns sem um apoio suplementar para cada aluno de inclusão.

 
5) Demonizar tudo o que é tradicional, divulgando “inovadores métodos de alfabetização”, mas que ano, após ano, produzem apenas “alunos copistas”.

 
6) Enxugar o currículo ao máximo, reduzindo os conteúdos clássicos de história, filosofia, geografia, artes e ciências; cortando tudo o que promova a reflexão sobre as questões políticas, econômicas, sociais e culturais.

 
7) Deixar os alunos acreditarem que estudar é coisa para os CDFs, ou para a classe dominante que estuda em escola particular, fazendo com que a escola pública se torne apenas mais um local para ir “zoar”.

 
8) Reduzir o número de coordenadores e profissionais que poderiam oferecer apoio na resolução dos conflitos, nas dificuldades psicológicas, pedagógicas e sociais dos alunos e suas famílias. Deixar que a escola se torne um ambiente hostil, preconceituoso e injusto.

 
9) Permitir que os alunos faltem às aulas o quanto quiserem e, ao final do ano, para a escola não perder bônus, fazer de conta que eles as frequentaram com assiduidade.

 
10) Promover avaliações “fakes”, aquelas que são feitas apenas para a escola ganhar bônus e não para que o aluno saiba, de fato, o que aprendeu e o que precisaria ter aprendido. Facilitar a cultura da “cola” para que ninguém precise aprender nada direito.

 
11) Enganar os alunos passando-os de ano sob o pretexto de não abalar a “autoestima”, permitindo que eles “avancem” sem necessidade de esforço no estudo, cujo único objetivo de fato, é reduzir custos e “maquiar” o índice de desempenho da educação.

 
12) Não oferecer suporte àqueles que estão com dificuldades na aprendizagem, ou que, em decorrência do fracasso escolar se tornaram depressivos, violentos e agitados. Encaminhar esses alunos aos serviços de saúde, cuja principal medida costuma ser a medicalização, a indicação de psicotrópicos, aumentando o lucro da indústria farmacêutica.

 
13) Em caso de fracasso escolar, culpar prioritariamente as famílias e os professores. E, se os alunos desestimulados abandonarem a escola e considerarem mais lucrativa a vida no tráfico de drogas ou na “malandragem”, a solução é ampliar o número de presídios.

 
14) Fazer as pessoas acreditarem que é melhor, e mais seguro, estudar em escolas particulares, como se essa fosse a única possibilidade de uma educação de qualidade, garantindo um futuro de inclusão social.

 
15) Como consequência, esvazia-se a escola pública de pessoas interessadas e comprometidas com a educação. Esvazia-se a escola de sentido, de ética, de otimismo, de respeito, de zelo e de cidadania. Ao final propõe-se fechar as escolas públicas, porque elas estavam esvaziadas. Como reação, os alunos ocupam as escolas.

Raiz – Movimento Cidadanista, Círculo Educação (www.raiz.org.br)


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