Transparência: 70% dos brasileiros ‘passariam um dia no tribunal’ só contando casos de corrupção

Brasil tem o quarto pior índice entre os 20 países pesquisados e fica atrás de Venezuela, Chile e Peru

 

SÃO PAULO – Oito entre dez brasileiros acreditam que o nível de corrupção no Brasil nos últimos 12 meses cresceu, segundo o estudo Barômetro Global da Corrupção, da ONG Transparência Internacional, divulgado na manhã desta segunda-feira em Berlim, na Alemanha. É o quarto pior índice entre os 20 países da pesquisa (78%), atrás de Venezuela (87%), Chile (80%) e Peru (79%). Para 56% dos brasileiros, o governo tem comportamento negativo naquilo que diz respeito ao combate à corrupção no setor público.

 

Apesar do diagnóstico ruim, a pesquisa também traz esperança para o enfrentamento do problema no país. Pelo menos 71% dos brasileiros que responderam à pesquisa disseram ser capazes de passar um dia inteiro em um tribunal para fornecer evidências de casos de corrupção. Do total, 83% acreditam que pessoas comuns podem fazer a diferença na luta contra o problema.

 

O Barômetro é considerado pela Transparência Internacional a pesquisa de opinião mais importante do mundo sobre comportamentos relacionados à corrupção. O relatório é baseado em pesquisas com 22,3 mil pessoas em 20 países da América Latina e do Caribe, entre maio e dezembro de 2016. Políticos e policiais são citados por quase metade dos entrevistados (47%) como maiores agentes de corrupção.

 

O estudo menciona a investigação sobre corrupção originada de apurações na Petrobras, a chamada Operação Lava-Jato, que originou o pagamento de bilhões de dólares em multas. Há menção ao risco de propostas legislativas que buscam processar procuradores que investigam grandes casos de corrupção e também à tentativa de investigar o presidente Michel Temer, recentemente interrompida pela Câmara dos Deputados.

 

“Pagamento de propina é uma experiência comum para muitas pessoas com dificuldade de acesso a serviços básicos. Estimamos que mais de 90 milhões de pessoas tiveram que pagar propina no último ano nos 20 países pesquisados – quase um terço daqueles com acesso a serviços básicos,”, escreveram os pesquisadores da Transparência Internacional no relatório divulgado nesta segunda.

 

De acordo com a análise, a realidade brasileira é diferente da observada em outros países da América Latina – apenas 11% dos brasileiros declararam ter pagado propina para ter acesso a serviços básicos, como escola, hospital, documento de identidade, acesso à polícia, tribunais ou saneamento. As maiores taxas estão no no México (51%) e na República Dominicana (46%).

  

Fonte: O Globo

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